A dor é considerada hoje pela Organização Mundial de Saúde um dos cinco sinais de vida de uma pessoa, e um problema crônico que pode gerar impactos de saúde, psicológicos e econômicos. Pensando nisso, o Centro Integrado de Saúde Lineu Araújo mantém um programa específico para pessoas com esse tipo de problema, a Clínica da Dor.
Este é o primeiro centro público de referência em dor de Teresina, e conta com um neurologista com especialização na área de dor, que realiza não apenas consultas, como também pequenos procedimentos como administração de medicamentos e aplicação de toxina botulínica (botox). De acordo com dados do Lineu Araújo, somente no ano de 2023 foram realizados 249 atendimentos especializados, além de 72 neurotomias, que é um tratamento específico para dores.
O intuito do tratamento é melhorar os sintomas e a doença que causa a dor, evitar complicações, trazer uma melhoria na qualidade de vida e reinserir o paciente no seu trabalho e vida social, diminuindo os impactos físicos e sociais, mentais e financeiros que a doença traz. “A consulta mais comum da neurologia é a chamada dor de cabeça, principalmente a enxaqueca, que é a causa mais incapacitante. Além disso, atendemos muitos casos de dor lombar, comum em quem faz trabalho pesado e também em quem trabalha por muitas horas sentado e não faz exercícios de alongamento. Outros casos que recebemos regularmente são dor cervical, fibromialgia, dor neuropática (especialmente diabética), neuroartrose, pacientes com dor secundária a AVC ou lesão medular, entre outros”, explica o neurologista João Segundo, que atua no programa.
Para ter acesso à Clínica da Dor, o paciente deve ser encaminhado pelas Unidades Básicas de Saúde (UBS) – após atendimento inicial pelo médico da família, que vai avaliar se a dor é crônica e precisa do tratamento especializado – por ortopedistas ou neurologistas gerais que sentem a necessidade de acompanhamento específico após consulta, ou pelos centros de reabilitação para uma orientação no tratamento de pessoas com deficiência.
Segundo dados da OMS, a dor é um problema que atinge atualmente 42% da população mundial, com incidência de mais de 51% em idosos. Nos Estados Unidos se gasta em torno de 620 bilhões de dólares em dor anualmente, mais do que o somatório de oncologia, doenças cardiovasculares e diabetes.
“A dor deixou de ser tratada como um sintoma e passou a ser considerada uma doença que envolve diversos aspectos”, explica o neurologista. “10% a 14% das pessoas com dor crônica têm dor neuropática, que advém dos nervos ou do sistema nervoso central. Ela é de difícil controle e muitas vezes relacionada a uma polineuropatia diabética, ou uma hérnia de disco que comprime um nervo”, exemplifica ele, citando ainda outras síndromes dolorosas que envolvem sistema osteomuscular, articular ou mesmo dor oncológica.